Desenvolvido pela Genentech, o Ocrevus (também chamado de Ocrelizumabe) é um anticorpo monoclonal humanizado que afeta as ações do sistema imunológico do corpo. Os anticorpos monoclonais são feitos para atingir e destruir apenas certas células do corpo, para pode ajudar a proteger as células saudáveis contra danos causados por essas certas células.
O Ocrevus é usado para o tratamento de pacientes adultos com Esclerose Múltipla Recorrente-Remitente (EMRR) com doença ativa definida por características clínicas e de imagem.
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Apesar desse artigo não ter tanta relação com a engenharia química, mesmo possuindo uma formula química complexa como essa C6494H9978N1718O2014S46. Eu estou dando continuidade a essa série de artigos referentes a medicações que vários leitores tem me pedido bastante, após verem os meus artigos sobre o acetato de glatirâmer , interferon, fingolimode e natalizumabe.
O artigo abaixo vai fala do Ocrevus de uma maneira que vai fugir um pouco da área da química. No entanto, esse artigo vai ser de grande ajuda para a turma da área da saúde e para as pessoas que fazem o uso (ou vão fazer) desse medicamento, que apesar do nome um pouco estranho, não é nenhum monstro para os pacientes que estão sendo acompanhados por um bom neurologista. Espero que esse artigo ajude vocês, boa leitura :)
Mecanismo de Ação
Ocrevus é um anticorpo monoclonal que tem como alvo específico o CD20, que é uma proteína encontrada na superfície dos glóbulos brancos que são chamados de linfócitos B (ou células B), conferindo ao medicamento uma função imunossupressora reduzindo as taxas de ataques do sistema imunológico aos neurônios mielinizados, que é o principal gatilho dessa doença.
Além disso, algumas literaturas relatam que essa medicação também pode ser considerada imunomoduladora, pois a mesma direciona e remove apenas as células B que são potencialmente prejudiciais em pessoas que vivem com esclerose múltipla (EM).
Precaução Antes de Tomar este Medicamento
O paciente não deverá ser tratado com Ocrevus se o mesmo for alérgico a Ocrelizumabe ou se tiver hepatite B (ou outro tipo de infecção). Devido a isso, o medico pode pedir para o paciente realizar exames médicos para se certificar de que o paciente não tem hepatite B ou outras infecções.
No entanto, se o paciente informar o médico sobre:
- Algum tipo de infecção ativa que tenha;
- Se ele é portador de hepatite B; ou
- Se ele já usou um medicamento que pode enfraquecer o seu sistema imunológico.
Isso vai ajuda bastante o médico no tratamento da EM, pois o médico vai tem que espera a recuperação dessas infecções do paciente para iniciar o tratamento com Ocrevus.
Além disso, o paciente não deve receber nenhuma vacina "viva" ou "viva atenuada" por pelo menos 6 semanas anteriores ao início do tratamento com Ocrevus, sendo que se precisar de uma vacina "não viva", o mesmo deve recebê-la pelo menos 2 semanas antes de iniciar o tratamento com Ocrelizumabe.
Usar Ocrevus pode aumentar o risco de desenvolver certos tipos de câncer, como câncer de mama. O paciente também deve perguntar ao seu médico sobre seu risco especifico
Também não se sabe se Ocrevus irá prejudicar o feto, por causa disso é bom as pacientes informarem seus médicos se estiverem grávidas ou se pretendem engravidar. O uso de anticoncepcionais eficazes para prevenir a gravidez enquanto estiver usando este medicamento e por pelo menos 6 meses após sua última dose.
Se a paciente estiver grávida, ela terá que informar ao médico do seu bebê sobre o uso do Ocrelizumabe durante a gravidez, especialmente antes do bebê recebe qualquer vacina infantil.
Além disso, não pode ser seguro amamentar enquanto estiver usando este medicamento. Pergunte ao seu médico sobre qualquer risco. O Ocrevus também não pode ser usado por menores de 18 anos.
Como é Administrado o Ocrevus na Clinica
Os anticorpos são proteínas e, como tal, não podem ser administrados como uma pílula. Assim como as proteínas nos alimentos, os anticorpos seriam picados pelo sistema digestivo e não serviriam para tratar a doença, sendo que o Ocrevus deve ser administrado como uma infusão intravenosa em uma clínica.
Como outras drogas biológicas administradas por infusão, Ocrevus pode causar reações relacionadas à infusão. Para minimizar esse risco, o pré-tratamento com metilprednisolona ou outro corticosteroide é recomendado. Este pré-tratamento é administrado por injeção intravenosa cerca de meia hora antes da perfusão.
O risco de efeitos colaterais relacionados à infusão pode ser minimizado ainda mais tomando um anti-histamínico entre 30 e 60 minutos antes da infusão de Ocrevus. Adicionar um medicamento para reduzir a febre, como o acetaminofeno, também pode ser considerado.
O Ocrevus é administrado a cada seis meses. O tratamento inicial é administrado em duas sessões, com duas semanas de intervalo. Em cada uma dessas sessões, o paciente recebe 300 mg de Ocrevus durante um tempo de infusão de pelo menos 2,5 horas.
Todas as infusões seguintes são administradas como uma única infusão de 600 mg, com duração de pelo menos três horas, a cada seis meses. Se um paciente tiver uma infecção em andamento, este tratamento será adiado até a recuperação e a próxima dose será remarcada para seis meses após a última.
Após a infusão, os médicos são orientados a monitorar o paciente por pelo menos uma hora, verificando os efeitos colaterais relacionados ao procedimento de infusão.
Reações Adversas e Efeitos Colaterais
Ocrevus é considerado um medicamento relativamente seguro, mas isso não significa que esteja livre de provocar efeitos colaterais.
Os efeitos colaterais mais comuns deste medicamento estão relacionados à infusão. No entanto, a pré-medicação ajuda a reduzir o risco de tais reações ocorrerem ou tornam elas menos grave, mas não elimina esse risco.
Em ensaios clínicos que levaram à aprovação do Ocrevus, 34% a 40% dos pacientes experimentaram reações à infusão. No entanto, é mais provável que apareçam após a primeira infusão, com o risco de diminuir com as administrações subsequentes.
Embora os médicos devam monitorar seus pacientes durante e uma hora após a infusão, sendo que essas reações podem ocorrer até 24 horas após o tratamento.
Os sintomas incluem coceira na pele, erupção cutânea e vermelhidão, dificuldade em respirar e irritação ou inchaço da garganta, rubor, queda da pressão arterial, febre, suor, fadiga, dor de cabeça, tontura, sonolência, náusea, aperto no peito e batimento cardíaco acelerado.
A maioria dessas reações é leve a moderada, mas 0,3% dos pacientes nos ensaios experimentaram efeitos colaterais graves relacionados à infusão, sendo que durante os testes, o Ocrevus foi associado a um risco maior de desenvolver infecções nas vias respiratórias, pele e herpes.
A maioria das infecções das vias aéreas relatadas foram leve ou moderada e, em sua maioria, eram resfriados ou bronquite. As infecções por herpes incluíram herpes oral e genital.
Durante esses estudos clínicos, um número bem pequeno de pacientes desenvolveu câncer de mama. Por causa isso, a Genentech (fabricante do remédio) recomenda que os pacientes que recebem Ocrevus sigam o rastreamento de câncer de mama de rotina, com base na idade do paciente e no histórico familiar de câncer.
Aviso: Se acontecer qualquer um desses sintomas citados acima, o paciente devera ligar imediatamente para o seu médico, pois alguns pacientes não conseguem se adaptar bem com essa medicação.
Recomendação de outros artigos de medicamentos para Esclerose Múltipla
Esse artigo faz parte de uma série de artigos que eu fiz referente a medicações que são usadas para o tratamento de esclerose múltipla. Eu fiz essa série de artigos a pedidos dos leitores do blog que são portadores dessa doença, e que carecem de informações sobre a parte química e bioquímica desses medicamentos.
Além dos artigos recomendados que aparecem abaixo desse artigo, o blog também tem um artigo que tem uma lista que linka para outros artigos referentes a medicações para esclerose multiplica.
Se você for um paciente que está passando por tratamento, ou algum curioso que é interessado no assunto. Eu espero que o link acima desta lista de medicamentos te ajude bastante, pois eu já falei de boa parte dos medicamentos aqui no blog, e também sei bem que o tratamento dessa doença não é nada fácil.
Referências
- https://mssociety.ca/managing-ms/treatments/medications/disease-modifying-therapies-dmts/ocrevus (acessado em 27/10/2020 as 19:27)
- https://multiplesclerosisnewstoday.com/2017/04/03/points-multiple-sclerosis-patients-should-know-about-ocrevus-its-use/ (acessado em 27/10/2020 as 19:33)
- https://www.drugs.com/ocrevus.html (acessado em 27/10/2020 as 19:39)
- https://multiplesclerosisnewstoday.com/ocrevus-ocrelizumab-primary-progressive-relapsing-multiple-sclerosis/ (acessado em 27/10/2020 as 19:50)
Sobre o autor
Olá meu nome é Pedro Coelho, eu sou engenheiro químico, engenheiro de segurança do trabalho e Green Belt em Lean Six Sigma. Além disso, também sou estudante de engenharia civil, e em parte de minhas horas vagas me dedico a escrever artigos aqui no ENGQUIMICASANTOSSP, para ajudar estudantes de Engenharia Química e de áreas correlatas. Se você está curtindo essa postagem, siga-nos através de nossas paginas nas redes sociais e compartilhe com seus amigos para eles curtirem também :)
2 Comentários de "Ocrevus (Ocrelizumabe) – Medicação para Esclerose Múltipla "
Adoro seus artigos 👏👏, gostaria de ver sobre fingolimode..
Ola anônimo
Em breve, eu vou está escrevendo algo sobre o fingolimode e outros medicamentos, que a turma vem me pedindo :)
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