A cistina (L-cistina) foi descoberta por William Hyde Wollaston em 1810, quando Wollaston conseguiu isola-la a partir de um calculo de bexiga. Durante quase 90 anos este aminoácido que contem enxofre não foi considerado como constituinte das proteínas até que o sueco Karl Axel Hampus Mörner quase simultaneamente com o alemão Gustav Georg Embden conseguiram isolar ela a partir dos produtos da hidrólise ácida de um chifre no final dos anos de 1890.
Em 1903, Richard August Carl Emil Erlenmeyer conseguiu sintetizar este aminoácido e , em 1905, Embden descobriu sua estrutura química.
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| Estrutura química cistina |
Cistina, frequentemente confundida com cisteína, é uma forma estável do aminoácido cisteína. A cisteína é um aminoácido semiessencial, o que significa que o corpo pode produzi-la a partir de outros aminoácidos, especificamente metionina e serina.
É conhecida por seu papel como um bloco de construção de proteínas e como um precursor do antioxidante glutationa. O corpo pode converter cistina de volta em cisteína conforme necessário.
Síntese de Obtenção da Cistina
As melhores fontes de L-cistina são o pelo, cifre e a lã. O pelo é submetido à hidrólise ácida, após passar por uma lavagem e extração com solventes purificadores frios. O hidrolisado ácido é descolorido com carvão ativado, e neutralizado com hidróxido sódio até o pH 4,0.
Por resfriamento, se obtém a cistina bruta cristalizada, que é recuperada e dissolvida em HCl 3N e, ajustada até pH 4,0, para depois se separar a cistina, e a obtê-la em estado cristalino .
Uma das melhores sínteses para se obter a DL-cistina (cistina racêmica) é o método de John L. Wood e Vincent du Vigneaud que desenvolvido no final dos anos 30. Nesse método, o éster ftalimidomalônico reage com o cloreto de benzenotiol metílico para formar o éster S- benzenotiolmetilftalimidomalônico.
Este último composto é hidrolisado com hidróxido de sódio em S-benzilcisteína e o produto resultante é tratado com sódio em amônia líquida. Como resultado disso, é obtida DL-cisteína, que é oxidada em DL-cistina com cloreto férrico.
Função e Beneficio da Cistina
Antes da descoberta da metionina, a cistina era considerada como um dos aminoácidos essenciais na nutrição humana e animal, sendo que quando se estabeleceu que a metionina era indispensável, se observou que a cistina possui uma ação que permite ao organismo economizar a metionina na dieta.
A cistina é um constituinte da glutação, um tripeptídeo que desempenha um importante papel nos processos de oxido-redução nos tecidos. A cistina é considerada um aminoácido que tem uma importante função nos mecanismos de desintoxicação. Este aminoácido que contem enxofre é abundante nas proteínas córneas encontradas na lã, no pelo, nas unhas, nos cascos e na insulina, que é um hormônio.
Além disso, a cistina também tem como beneficio que ela pode ajuda a criar antioxidantes no organismo e ajudar na saúde do cabelo.
Alimentos Ricos em Cistina
A cistina é a forma dímero oxidada do aminoácido cisteína e é considerada nutricionalmente equivalente à cisteína.
Sendo os seguintes alimentos ricos nesse aminoácido: carne de porco, carne de boi, frango, peixe, lentilhas, aveia, ovos, iogurte desnatado, sementes de girassol e queijo. A ingestão diária recomendada de cistina é algo em torno de 4,1 mg por quilograma de peso corporal.
Efeitos colaterais da cistina
Embora a cisteína seja encontrada em muitos alimentos ricos em proteínas, ela também pode ser tomada como um suplemento, onde pode ter efeitos antioxidantes e é usada para uma variedade de condições de saúde.
No entanto, não há informações confiáveis o suficiente para saber se a cisteína é segura quando usada em grandes quantidades como medicamento ou quais podem ser os efeitos colaterais. Os efeitos colaterais comuns relatados incluem náusea, febre, dor de cabeça e tontura.
É importante consultar profissionais de saúde antes de iniciar qualquer novo regime de suplemento, especialmente para indivíduos com condições de saúde específicas ou aqueles que tomam medicamentos, pois a cisteína pode interagir com certos medicamentos, particularmente aqueles para diabetes.
Referências
- http://www.britannica.com/EBchecked/topic/646649/William-Hyde-Wollaston (Acessado em 15/03/2014 as 15:03)
- http://www.britannica.com/EBchecked/topic/185531/Gustav-Georg-Embden (Acessado em 15/03/2014 as 14:53)
- Enciclopédia Química – Clark-Hawley-Harmor- Omega- Barcelona-Espanha-1961.
- Microbiologia 10º edição – Tortora-Funke-Case- Aritmed- São Paulo- Brasil- 2012.
- https://www.myfooddata.com/articles/high-cystine-foods.php (acessado em 15/04/2020 as 11:54)
- https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16132711 (acessado em 15/04/2020 as 11:59)
- https://fdc.nal.usda.gov/ (acessado em 15/04/2020 as 12:19)
- https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6017824/ (acessado em 15/04/2020 as 12:05)
- https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/28976190 (acessado em 15/04/2020 as 12:13)
Sobre o autor
Olá meu nome é Pedro Coelho, eu sou engenheiro químico com Pós Graduação em Engenharia de Segurança do Trabalho e também sou Green Belt em Lean
Six Sigma. Além disso, eu conclui recentemente o curso de Engenharia Civil, e em parte de minhas horas vagas me dedico a escrever artigos aqui no ENGQUIMICASANTOSSP, para ajudar estudantes de Engenharia Química e de áreas correlatas. Se você está curtindo essa postagem, siga-nos através de nossas paginas nas redes sociais e compartilhe com seus amigos para eles curtirem também :)

2 Comentários de "O que é Cistina? – Função, Benefícios e Alimentos Ricos nesse Aminoácido "
o que é cistina na urina?
Olá anônimo
A cistina na urina está associada a um distúrbio hereditário chamado cistinúria. A cistinúria é uma condição genética rara causada por defeitos nos túbulos renais que impedem a reabsorção adequada da cistina, levando à excreção excessiva desse aminoácido na urina.
Como a cistina é pouco solúvel em água, sua concentração elevada pode provocar a formação de cristais e cálculos (pedras) nos rins, bexiga, pelve renal ou ureteres, causando sintomas como dor e infecções urinárias. Esse distúrbio é determinado por genes recessivos, e sua manifestação clínica geralmente ocorre quando ambos os genes defeituosos são herdados, um de cada progenitor.
O diagnóstico pode ser feito com exames de urina que detectam cistina em níveis elevados, e o tratamento envolve aumento da ingestão de líquidos e outras medidas para prevenir a formação de cálculos.
Espero ter ajudado
Um abraço
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