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Fissuras mapeadas: Causas, Tipos e Como Resolver

As fissuras mapeadas ou disseminadas (também conhecidas como fissuras couro de jacaré) são um tipo de trinca que pode aparecer em paredes e outras superfícies. Geralmente, surgem devido à retração da argamassa quando há excesso de materiais finos ou de cimento, o que deixa o reboco excessivamente rígido.

Fissuras mapeadas: Causas, Tipos e Como Resolver

Esse tipo de fissura se caracteriza por um conjunto de rachaduras que se cruzam em diferentes direções e se distribuem por toda a superfície rebocada da parede. Normalmente, são fissuras profundas, que chegam a atravessar completamente o reboco.

Na maioria das vezes, surgem devido à falta de aderência entre o reboco e o tijolo, ocasionada por problemas de execução ou pelo uso de materiais de baixa qualidade na mistura. A reparação é complexa, sendo necessário remover o reboco comprometido e refazer o revestimento, seguido de uma nova pintura da área.

Além disso, a fissura mapeada também pode acontecer no asfalto, sendo que nós veremos mais adiante que a causa e a tratativa são diferentes nesse caso.

Tipos e causas comuns das fissuras mapeadas


As fissuras mapeadas, que se manifestam como uma rede de pequenas rachaduras na superfície, são um sintoma claro de que algo não correu bem durante o preparo ou aplicação da argamassa e do revestimento.

Em vez de serem causadas por grandes movimentos estruturais, estas fissuras são quase sempre resultado de práticas inadequadas de dosagem e execução, bem como de uma cura deficiente do material.

A seguir, detalhamos os fatores mais frequentes que contribuem para a retração excessiva e a perda de coesão da argamassa, levando ao aparecimento desta característica deterioração.

Retração da argamassa: Ocorre quando a argamassa encolhe ao secar, geralmente por excesso de finos (materiais muito finos) ou cimento no traço, o que a torna muito rígida.

Falta de limpeza da base: o excesso de poeira ou com algum resíduo de desmoldante, antes de aplicar o de reboco, pode ser uma das causas da fissura mapeada, logo tem que se fazer uma limpeza na parede para evitar isso.

Excesso de água: Usar mais água do que o necessário no preparo da argamassa pode contribuir para a retração.

Cura inadequada: Condições climáticas que provocam a perda rápida da água da mistura (como sol forte) e a cura inadequada do reboco.

Chapisco com cimento com alto teor de material pozolânico ou com alto teor de escória de alto forno: Isso ocorre porque esses tipos de cimento necessitam de umidade por um período razoável para a adequada hidratação, e a falta dessa umidade pode acarretar retração da argamassa, que por sua vez causa fissura. Além disso, a retração da argamassa do chapisco devido ao excesso de finos na mistura, baixa coesão ou compactação insuficiente, e variações térmicas entre a base e a argamassa também colaboram para o surgimento dessas fissuras mapeadas.

Chapisco com baixo consumo de cimento: Isso ocorre porque a argamassa com pouco cimento tende a apresentar menor coesão e resistência, aumentando a probabilidade de retração e fissuração ao secar. Além disso, o baixo consumo de cimento pode gerar falta de hidratação adequada e baixa adesão, o que contribui para o surgimento dessas fissuras distribuídas pela superfície do revestimento.

Baixa coesão ou compacidade da argamassa: a falta de coesão interna na argamassa torna-a mais suscetível à retração e à perda de integridade ao secar, gerando fissuras distribuídas pela superfície do revestimento. A presença de finos em excesso, baixa adesão, dosagem inadequada, perda rápida de água por absorção pela base, e ausência de cura adequada também contribuem para o aparecimento dessas fissuras mapeadas na argamassa.

Argamassa com baixo consumo de cimento: A argamassa com pouco cimento tende a ter menor coesão e resistência, facilitando a ocorrência de retrações durante a cura e secagem, o que leva à formação dessas fissuras disseminadas na superfície. Além disso, a menor quantidade de cimento reduz a quantidade de fase hidratada, resultando em uma matriz mais frágil e propensa à retração e fissuração.

Implicações das fissuras mapeadas


As fissuras mapeadas podem causar diversas implicações que envolvem aspectos estéticos, infiltrações e problemas estruturais. Esteticamente, essas fissuras comprometem a aparência das superfícies, gerando um aspecto de rachaduras difusas que podem ser visíveis e prejudicar o visual da edificação.

Quanto às infiltrações, as fissuras funcionam como vias para a entrada de água da chuva e umidade, podendo acarretar problemas como mofo, eflorescências e deterioração de revestimentos.

Já estruturalmente, embora as fissuras mapeadas frequentemente tenham origem em retração da argamassa ou problemas na aplicação dos revestimentos, elas podem indicar ou evoluir para problemas mais sérios, como a corrosão das armaduras internas, comprometimento da durabilidade do concreto e redução da vida útil da construção. 

A umidade proveniente das infiltrações pode agravar esses danos estruturais ao favorecer esses processos degradativos.

Como evitar e tratar a fissura mapeada


Para evitar fissura mapeada é fundamental adotar cuidados na execução, como a correta dosagem e aplicação da argamassa, evitar excesso de cimento, fazer a cura adequada do concreto e do revestimento, além de proteger a obra de condições climáticas adversas. 

Também é importante aplicar camadas de revestimento de forma correta e utilizar produtos flexíveis na finalização para acomodar a movimentação da estrutura.

Para tratar fissuras mapeadas já existentes, o processo inclui abrir a fissura em formato de "V" para limpeza, aplicar selantes flexíveis, depois utilizar tintas e impermeabilizantes que absorvem os movimentos, minimizando o aparecimento das fissuras. Em casos de fissuras ativas, pode ser necessário o reforço estrutural e o uso de telas ou bandagens flexíveis. 

Produtos como selantes acrílicos e tintas especiais para fachadas são recomendados para garantir flexibilidade e durabilidade do acabamento. O tratamento deve sempre começar com a identificação da causa para evitar recorrências.

Fissuras mapeadas no asfalto: Causas e como tratar


A fissura mapeada é uma das formas mais comuns de deterioração do pavimento asfáltico com o passar do tempo. O padrão dessas rachaduras é bastante característico, e quando ocorre no asfalto, acaba lembrando mais o formato das escamas nas costas de um jacaré.

Fissuras mapeadas no asfalto: Causas e como tratar

Infelizmente, esse tipo de fissura é também um dos danos mais graves que podem afetar uma superfície asfáltica, especialmente quando não é reparado adequadamente.

Diferentemente dos danos superficiais, essas rachaduras são resultado de fadiga nas camadas inferiores do pavimento. Em termos mais simples, elas surgem quando o asfalto é submetido a cargas superiores à sua capacidade de suporte. Assim como qualquer outro material, se o asfalto for exposto a uma pressão excessiva, ele acabará rachando.

A preparação da base do pavimento deve ser adequada ao tipo de carga que irá suportar. Por exemplo, o reforço necessário para uma entrada de garagem destinada a automóveis leves é muito diferente daquele exigido para áreas que recebem veículos pesados, como caminhões ou reboques em estacionamentos.

Ao perceber rachaduras no asfalto, a primeira ação recomendada é aplicar um selante ou massa para vedar as fissuras, desde que as condições climáticas sejam favoráveis, a fim de impedir que o problema se agrave. Também é aconselhável restringir o tráfego sobre a área danificada, se possível. Embora o risco de prejuízos aos veículos seja baixo na maioria dos casos, cada passagem contribui para aumentar a deterioração da superfície.

De toda forma, essas medidas são apenas paliativas. O ideal é realizar uma intervenção mais profunda, escavando para identificar e corrigir as falhas estruturais na base do pavimento. Assim, o reparo será mais duradouro. Contudo, esse tipo de serviço deve ser executado por profissionais especializados e devidamente capacitados.

Referências


  • Manutenção e Patologia das Edificações. Regina de Toni; Stephanie Vicente Moi. Maringá - PR: Unicesumar, 2022.
  • https://www.leeboy.com/what-causes-alligator-cracking-in-asphalt-and-how-to-solve-it/ (acessado em 28/10/2025 as 18:42)
  • https://huskygroup.co.za/cracking-paint/ (acessado em 28/10/2025 as 18:49)
  • https://www.pavement.com.au/news/7-types-of-asphalt-cracking-and-their-causes (acessado em 28/10/2025 as 18:58)
  • https://www.wolfpaving.com/blog/what-to-do-when-you-see-alligator-cracking-in-asphalt (acessado em 28/10/2025 as 19:03)
  • https://www.youtube.com/watch?v=oCaCHrUXnvk (acessado em 28/10/2025 as 19:18)

Sobre o autor


Pedro Coelho Olá meu nome é , eu sou engenheiro químico com Pós Graduação em Engenharia de Segurança do Trabalho e também sou Green Belt em Lean Six Sigma. Além disso, eu conclui recentemente o curso de Engenharia Civil, e em parte de minhas horas vagas me dedico a escrever artigos aqui no ENGQUIMICASANTOSSP, para ajudar estudantes de Engenharia Química e de áreas correlatas. Se você está curtindo essa postagem, siga-nos através de nossas paginas nas redes sociais e compartilhe com seus amigos para eles curtirem também :)

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